Bruna Vasconcelos
No último dia 26 de setembro, foi instalada uma barreira experimental no mangue da enseada de Bom Jesus, na Ilha do Fundão. A produção e a instalação teve importante participação dos pescadores parceiros do projeto, que atuaram desde o início em conjunto com os pesquisadores do Orla Sem Lixo. A colaboração entre os dois grupos aconteceu desde a concepção – como seria desenvolvida a barreira – até a instalação em área de manguezal.
O material utilizado para confeccionar a barreira, uma malha geossintética, foi fornecido pela empresa HUESKER, parceira do OSL. As malhas geossintéticas estão sendo testadas quanto a adequação à finalidade de impedir a entrada do lixo em uma determinada área e quanto à durabilidade.

Renato, pescador parceiro do OSL, costurando a malha geossintética utilizada para confeccionar a barreira. No plano de fundo, Caio, pesquisador do OSL, confeccionando o flutuador da barreira com garrafas PET. Foto: Bruna Vasconcelos
A montagem das barreiras foi desenvolvida em uma oficina realizada no dia 14 de setembro e reuniu 6 pescadores e 5 pesquisadores. Pescadores da Vila Residencial e da Prainha atuaram em conjunto para o desenvolvimento e confecção das barreiras. Foram confeccionados 47 metros de barreira e cerca de 300 garrafas PET foram utilizadas como flutuadores.
Para a montagem da barreira, as malhas foram unidas e costuradas com fios de nylon pelos próprios pescadores e as garrafas foram colocadas em pares ao longo dos 47 metros de barreira. Um galpão cedido pela Prefeitura Universitária serviu de local para a realização da oficina.

Pesquisadores e pescadores reunidos apresentando parte da barreira que foi instalada no mangue da enseada de Bom Jesus. Foto: Bruna Vasconcelos
Branca, uma das pescadoras que participou da oficina, expressou que o desejo é que as barreiras superem as expectativas, sendo o “começo de uma solução” para o lixo flutuante encontrado no mangue e na baía.

Branca, pescadora parceira do OSL, participante da oficina de confecção do flutuador da barreira experimental. Foto: Bruna Vasconcelos
Segundo o pesquisador Thiago Leão, o objetivo desse experimento é testar a efetividade dos materiais utilizados nas barreiras – malhas geossintéticas e garrafas PET – que evitarão a entrada do lixo e permitirão realizar o monitoramento dos caranguejos e da floresta de mangue. A área cercada pela barreira é de cerca de 240m².
O processo de instalação contou com outros pescadores da Vila Residencial e da Prainha, que estão cadastrados no OSL e participam do esquema de rodízio. O rodízio tem a finalidade de dar oportunidade igual a todos aqueles que se interessem em participar das atividades remuneradas do OSL. Para essa atividade, a equipe foi composta por 7 pescadores e 5 pesquisadores.
Na instalação, a própria vegetação serviu de apoio para a fixação das barreiras, além de ter o reforço de ganchos de ferro que foram fixados entre as malhas e o solo do manguezal. Em menos de 4 horas, as barreiras flutuadoras foram instaladas.

O pescador Dinga, à esquerda, e o pesquisador Thiago Leão, fazendo os últimos ajustes na barreira antes de instalá-la. Foto: Bruna Vasconcelos

Milésio, pescador parceiro do OSL finalizando a instalação da barreira no mangue. Foto: Bruna Vasconcelos
A próxima etapa é a realização da limpeza dessa área, juntamente com a avaliação do funcionamento e efetividade da barreira. Até o dia 5 de outubro, quando foi realizada uma visita de inspeção, os resultados estavam satisfatórios: a barreira permanecia fixa e parecia estar impedindo a entrada de novos resíduos na área cercada. Não foram observados caranguejos presos à malha, uma preocupação da equipe.
Alguns outros registros da oficina e da instalação da barreira flutuante experimental…



