A Baía de Guanabara é um dos mais importantes corpos hídricos do Estado do Rio de Janeiro, em torno do qual localiza-se a maior parte dos municípios da sua Região Metropolitana, concentrando mais de 10 milhões de habitantes nos 4.800 km² de sua região hidrográfica.
Chegam na Baía de Guanabara cerca de 80 toneladas de lixo diariamente, transportadas pelos rios que nela desaguam. A maior parte dele é composta por plásticos, em diferentes estágios de degradação.
O lixo flutuante traz inúmeros prejuízos socioambientais: atrapalha a atividade pesqueira e os esportes náuticos; impede o desenvolvimento costeiro para atividades de lazer em geral; representa um perigo à navegação e ao tráfego aéreo, pela atração de avifauna; interfere no crescimento e saúde dos manguezais e afeta a vida marinha e sua diversidade.
Alguns projetos para interceptação do lixo flutuante têm sido implementados, entretanto, as operações de coleta realizadas nas margens dos corpos hídricos geram áreas de degradação ambiental; e não há reciclagem do lixo coletado, nem reversão em benefícios para as populações do entorno.
O projeto Orla Sem Lixo busca uma solução para a interceptação, coleta, transporte e reciclagem em um processo que seja facilmente replicável, dialogue e envolva a comunidade local, seja efetivo e de baixo custo, evite áreas de degradação na costa e que transforme a cadeia produtiva do lixo flutuante em oportunidade, garantindo a sustentabilidade econômica e ambiental da solução.
O Orla Sem Lixo se inicia a nível experimental através de uma unidade demonstrativa a ser implementada na Enseada de Bom Jesus, na Ilha do Fundão. Com a unidade demonstrativa, espera-se recuperar as áreas de manguezais degradadas nas margens da Enseada e avaliar a resposta dos ecossistemas à solução proposta. É esperada também a criação de um modelo de trabalho e renda para as comunidades pesqueiras locais, através do retorno financeiro da reciclagem e de Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA), que garanta a continuidade do Projeto.
A despoluição de trechos da orla da Ilha do Fundão permitirá retomar sua utilização para atividades de lazer e acadêmicas pelo corpo social da universidade, pela população residente, por moradores de bairros vizinhos e por visitantes em geral, reinserindo o principal Campus da UFRJ no seu ambiente natural.
O Projeto está organizado em cinco frentes de atuação principais, relacionadas às áreas do conhecimento que integradamente desenvolverão a solução proposta pelo Projeto: Engenharia da interceptação, coleta e gestão do lixo flutuante; Diagnóstico, Monitoramento e Avaliação Ambiental; Tecnologia Social; Reciclagem Química; e Comunicação.